Do que perdura…

barco

*Poema ao som de Birdy  nesse link: Birdy covers Fast Car in the Live Lounge

Para – A.C

Para lidar com os dias próximos,
penduro uma engenhoca de origamis,
uns recortes coloridos de papéis no parapeito.
Preciso desarmar os excessos,
sofro de um reincidente azul-prateado às 4 da manhã
a me atracar, dissolver,  às vezes estagnar melancolias;
às margens de uma passagem incômoda
É nela que me reinvento,
é nela que percorreremos distraídos dos dias,
de composições a alimentarem nossa coragem.
As tardes azuis resgatará a força.

E o mar, todo hidratado por uma desfiguração
a desabarmos incrédulos sob o cais
Já não enxergamos o voo um do outro,
não nos é mais sutil as asas do mesmo olhar
Haveria de dizer-te, para me repor o fôlego
dissolver-me de ti, onde quer que se achegue

Naquela tarde onde refiz o passo
convoquei-te as dimensões essenciais do amor;
Desenhei pequenas indagações aos teus olhos
Se pudêssemos sair do arsenal de nossas trivialidades
e do estrangeiro caminho de nós
Para mergulharmos no desalinho das distâncias
a permitir ainda que longe
e ao mesmo tempo tão perto
viver a narrativa plural das delicadezas
O próprio passaporte para o enamoramento.

Se desejasses revelei percorrer essas lonjuras
e se preciso fosse, ficarmos dispostos às singelezas
que não nos distraem, mas nos compõem.

Afoguei-me nas palavras
Revirei as conchas do mar
para ouvir-te melhor,
Perdurou imersos silêncios

A não interessar-me mais
o vir a saber, mesmo sabendo.

Alcei os versos,
beijei

o poema.

(Fernanda Fraga, 27 de agosto de 2016)  *Imagem – Joel Robison

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