Conchas Sonoras

Debruçou os olhos nos meus
Num arabesco indivísivel de nós dois
De nuvens, horizontes e mais nada
Mas ouvia-se conchas sonoras,
Sentia-se a seda destilhada, do puro orvalho e seus sentidos.
Um nácar, desejoso para ouvir e para ser.
Ouvia-se réstias, estivais alargando as íris;
fervores no peito repercutiam
Eram amanheceres, solares;
Insuflações diafragmáticas.
Um silêncio desbravara todos os meus poros, o mar – Amor.
Principiara – repousar sob a brisa
E desfolhara a flor.
Por isso, soltei o vergel dos meus beijos nos teus cílios
Para trazer pra perto.
Como quem concede sabores:

  • Tua lira em algodão-doce
    E se derretiam em nossas bocas.
    Por mãos sem improviso;
    Por versos a desembrulhar as memórias da minh´alma.
    Desdobrara: – O sol de meio-dia;
    Hora que não é meia e nem se repartira
    E tudo, tudo o que pressinto transborda
    Para clarear os olhos, para aconchegar;
    Devorar-se-ia, se soubéssemos, de tudo que nos vem em Prece.
    Em algum trecho, um papel embrulhado, um aceno
    Agora pois…
    Deponho-te sob a plácida Estrela
    Enquanto a lua desponta o Mar.
    Enquanto o que há em mim perdura no clarão dos círios
    Enquanto a saudade infinda
    Enquanto o manto que nos cobriu é volúvel
    Um eco com vãos;
    Que o tempo transmuta
    Diante de uma cascata poética entre meus braços
    Sob tua fuga e o meu caminhar
    A sorvir nos lábios, nas dunas
    Do Mar e de mim.

(Fernanda Fraga, maio de 2012) *Postado originalmente no meu blog antigo: http://mefaltaumpedacoteu.blogspot.com/2012/05/conchas-sonoras.html?m=1

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